Entrevista com Marie Bellucci: a luta pela visibilidade bissexual na indústria do entretenimento
- Rebecca Romero
- 1 de jan.
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de jan.
Entrevistadora: Marie, você compartilhou recentemente nas redes sociais que é bissexual, mas também expressou a frustração de ser constantemente chamada de hétero. Pode nos contar um pouco sobre isso?
Marie: Claro. Eu já namorei uma mulher e, normalmente, posto conteúdo para mostrar que sou bi. Mas, mesmo assim, todo mundo continua me chamando de hétero. Quando estava com a minha ex-namorada, as pessoas me viam como lésbica, não como bissexual. É o binarismo “ou hétero ou homo”.
Entrevistadora: Esse tipo de categorização parece dificultar o reconhecimento de identidades que não se encaixam nesses padrões. Como você lida com isso?
Marie: Exato. O que também me incomoda é que as pessoas atribuem qualquer rótulo a mim, menos o de bissexual. Elas tratam a bissexualidade como algo transitório, como um comportamento ou uma fase, quando na realidade é uma identidade legítima e completa. E, sinceramente, a mídia e o público só parecem usar a palavra ‘bissexual’ quando há uma conotação negativa envolvida.
Entrevistadora: Falando sobre a mídia, você mencionou que sua assessoria sugeriu que evitasse se rotular como bissexual. Pode nos explicar o que aconteceu?
Marie: Sim, a minha assessoria disse: “Olha, eu entendo que isso é importante para você e para a comunidade bissexual, mas você precisa entender que sua carreira pode ser prejudicada. Menos papéis, menos marcas, menos propagandas. Se você contar que é bi, a mídia e o público vão encontrar motivos para te odiar.” Eles disseram que eu deveria evitar o rótulo bissexual e, se perguntassem, eu deveria responder que não me rotulo. Isso foi muito difícil de ouvir.
Entrevistadora: Então, você teve que escolher entre ser fiel à sua identidade e proteger sua carreira. Como você se sentiu com essa situação?
Marie: Foi uma escolha muito dolorosa. Eu sabia que a indústria tem essa visão negativa da bissexualidade, e se eu fosse honesta sobre quem eu sou, corria o risco de ser ainda mais marginalizada. Mas também me senti perdida porque, ao mesmo tempo, não queria esconder quem eu sou. É como se eu tivesse que escolher entre ser eu mesma e proteger minha carreira. É tão injusto.
Entrevistadora: Você mencionou que, caso fosse aberta sobre sua bissexualidade, a mídia poderia vilanizar você. Por que isso acontece?
Marie: Porque, infelizmente, a bissexualidade ainda não é compreendida e nem querem compreendê-la. A sociedade tende a associá-la a estigmas negativos, como infidelidade ou confusão. E isso se reflete na maneira como a mídia e o público nos tratam. Eles não sabem como lidar com uma identidade que foge dos padrões binários. Então, se eu falo abertamente que me atraio por todos os gêneros, a mídia e o público começam a procurar motivos para me criticar, distorcer minha imagem. É uma forma de vilanização.
Entrevistadora: O que você acha que precisa mudar para que a bissexualidade seja mais aceita, especialmente no mundo do entretenimento?
Marie: Dando espaço a criadores bissexuais, a artistas bissexuais, a histórias bissexuais. É fundamental que a bissexualidade seja retratada de maneira autêntica e que sejamos ouvidos. Se a indústria permitir isso, será mais possível quebrar esse ciclo de bifobia.
Entrevistadora: Marie, sua luta por visibilidade é muito importante, e sua coragem em falar sobre sua experiência certamente abre portas para muitas outras pessoas. Obrigada por compartilhar sua história conosco.
Marie: Eu que agradeço. Espero que, com o tempo, mais pessoas possam se sentir confortáveis e seguras para viver sua verdade, sem medo de serem julgadas ou excluídas. Bissexualidade é linda, lembrem-se disto.
Marie Bellucci protagoniza Escalando Você:





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